quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Seleção de Produtos – parte 3 – Materiais Médico Hospitalares

Considerando os mesmos critérios utilizados para os medicamentos, conforme mencionado no post anterior, também criamos um grupo chamado materiais médico hospitalares. Esse grupo é destinado ao agrupamento dos produtos utilizados para procedimentos médicos, de enfermagem, de fisioterapia, etc, e que não possuem finalidade farmacoterapêutica ou nutricional. Esse grupo é bem extenso devido a variedade de produtos e pode ter diversos critérios de classificação.
 
Utilizamos um critério diferente dos medicamentos, já que a consulta e a busca pelos materiais médicos não é realizada da mesma maneira. Estes são buscados não pela sua classificação em si, mas pela própria descrição do produto, e em muitos casos, por uma descrição comercial/usual diferente do nome técnico.
 
Assim, procuramos classificar os materiais médicos de maneira a facilitar a informação gerencial além de atender a classificação baseada no tipo de produto.
 
Lembrando que a classificação deve ser realizada de acordo com a necessidade de cada empresa. Para uma avaliação comparativa entre consumo e produção dos materiais, separamos os materiais produtivos dos materiais não produtivos, além de criar outros subgrupos a fim de facilitar o impacto do custo direto nos centro de custos produtivos que são importantes na produção.
 
A seguir o exemplo de classificação utilizada. 
 


Grupo

Materiais Médico Hospitalares

Subgrupo

   Filmes e Quimicos

Classe

       Filmes

 

       Reveladores

 

       Fixadores

 

     Subgrupo

Materiais de Consumo

Classe

Agulhas

 

Avental

 

Colchões

 

Integradores e Indicadores

 

Luvas

 

Máscara

 

 

     Subgrupo

Materiais Descartáveis

Classe

Agulhas

 

Avental

 

Cânulas

 

Drenos

 

Luvas

 

Seringas
 
As mesmas considerações devem ser realizadas para outros grupos de produtos como Dietas Enterais, Bens Patrimoniais / Imobilizado, OPME, Gêneros Alimentícios, Materiais de Manutenção, Serviços, dentre outros. Algumas considerações devem ser observadas para esses outros grupos, visto que possuem um impacto importante na gestão.
 
Para o grupo de dietas enterais, por se tratar de um valor importante na produção do hospital, este deve ser acompanhado pelo gestor com cuidado. Assim é importante manter um quantitativo justo de produtos padronizados que atenda às necessidades nutricionais dos pacientes (baseado na EMTN), pois é um grupo com uma grande variedade de apresentações e sabores de um mesmo produto, tornando assim uma padronização enxuta com maior controle e redução de possíveis perdas.
 
Os bens patrimoniais devem ser acompanhados pelo setor de controladoria para que a imobilização seja realizada de forma correta. É fundamental que haja a participação deste setor no momento do cadastro do produto para que a classificação e configuração sejam realizadas corretamente, pois em alguns casos, a classificação pode gerar dúvidas.
 
Para os gêneros alimentícios a classificação comumente usada divide os produtos em: secos, proteínas ou carnes, hortifruti, perecíveis, dentre outros. Neste grupo, a preocupação principal é que a classificação permita identificar os subgrupos com maior representação para que seja acompanhado pelo gestor.
 
Materiais de Manutenção. Normalmente não dão a devida importância para este grupo, porém ele é mais importante à medida que os anos se passam para a estrutura da empresa. Lembrar que devem seguir o mesmo principio de classificação por tipo de produto, porém estes devem atender a um determinado tipo de manutenção: predial ou civil, elétrica, hidráulica, etc. Lembrando ainda um importante subgrupo dentro desse grupo que é composto pelos produtos destinados aos equipamentos médicos hospitalares ou de engenharia clínica. Neste caso, inclusive, poderá o gestor separar em outro grupo esses produtos.
 
É importante dizer que essa classificação pode e deve ser utilizada independente se a gestão será realizada por um ERP ou por planilhas de excel. No caso de utilizar planilhas a descrição da classificação ficará a cargo do gestor. Nos casos dos ERPs Tasy e MV (softwares que conheço), a classificação será: Sistema Tasy – Grupo / Subgrupo / Classe, ainda sendo possível incluir a Espécie. Para o sistema MV – Espécie / Classe / Subclasse.
 
Falaremos no próximo post do critério de criticidade e dos parâmetros de estoque/aquisição que devem ser considerados também na seleção de produtos.

domingo, 20 de novembro de 2011

Seleção de Produtos – parte 2 - Medicamentos

Há dois meses finalizamos a primeira edição do Guia Farmacoterapêutico do Hospital, consequência prática do processo de seleção de medicamentos. A seguir descreverei como chegamos a esse resultado, considerando os critérios de seleção mencionados no post anterior.



Normalmente as Instituições de Saúde possuem sua padronização definida a partir do perfil de utilização dos produtos. Dessa maneira é importante realizar uma revisão e adequação desta seleção, evitando perdas e maximizando os resultados da área assistencial e de suprimentos. Se esta etapa de revisão já foi realizada, é fundamental que seja promovida a manutenção desta padronização de maneira periódica e sistemática. Aqui é importante definir na Comissão de Farmácia e Terapêutica (CFT) a sistemática de revisão e indicadores deste trabalho.

O primeiro critério a ser considerado da seleção de produtos é a sua classificação. A classificação é o processo de consolidação de produtos por características semelhantes. Este passo inicial é importante para que o gestor possa acompanhar os dados gerados do consumo, ter uma visão geral do perfil de utilização e poder traçar estratégias mais eficazes para os produtos.

Existem diversas formas de classificação de produtos, mas mencionarei a que utilizamos na elaboração do guia e que é encontrada na maioria dos hospitais, com algumas adaptações. Essa classificação é realizada pela semelhança do produto e foram utilizadas as nomenclaturas existentes no sistema Tasy, sistema ERP utilizado no hospital: grupo, subgrupo e classe. Há ainda a possibilidade de incluir a espécie. A nomenclatura utilizada pode variar de cada gestor ou mesmo do sistema ERP utilizado.

Assim nomeamos o grupo como medicamentos, para os subgrupos utilizamos o critério do local de atuação do principio ativo nos sistemas do organismo e para a classe usamos o critério farmacológico do medicamento. Os critérios utilizados foram adaptados devido à estrutura de produção do hospital (e clínicas) de maneira a fornecer dados gerenciais para a tomada de decisão. A seguir exemplo da classificação.
   
Grupo
Medicamentos
Subgrupo
Agentes Diagnósticos

Antialérgico

Antimicrobianos

Antiparasitários

Antissepticos

Atuantes Aparelho Digestivo

Atuantes Aparelho Genitourinário

Atuantes Aparelho Locomotor

Atuantes Aparelho Respiratório

Atuantes Cardiovasculares
Classe
Antiarrítmicos

Anti-Hipertensivos

Antiplaquetários

Ativadores da Microcirculação

Betabloqueadores

Diuréticos

Diuréticos de Alça

Diuréticos Poupadores de Potássio

Glicosídeos cardíacos

Trombolíticos

Vasoconstritores e Hipertensores

Vasodilatador Cerebral
Próximo post falarei dos critérios da seleção de materiais médicos hospitalares.

domingo, 28 de agosto de 2011

Seleção de Produtos

Uma gestão de suprimentos eficaz depende de diversos fatores, conforme havia comentado anteriormente. Um dos primeiros fatores a serem considerados é o perfil da Instituição que deverá ser considerado para que haja a construção de alicerces sólidos para uma gestão eficiente e eficaz. Neste ponto durante os posts, farei referências comparativas em relação às tomadas de decisões para cada perfil de Instituição.

Considero um passo inicial e de extrema importância para todos os meus trabalhos desenvolvidos na gestão de suprimentos, a seleção de materiais. Comumente conhecida na área de saúde como padronização, esta etapa está normalmente relacionada à seleção dos medicamentos e materiais médico-hospitalares que serão utilizados na instituição de saúde, tendo como seus executores, na grande maioria dos casos, os profissionais da área médica, de enfermagem e de farmácia. Na área farmacêutica essa etapa está inserida na Assistência Farmacêutica e dessa maneira, são os profissionais que assumem a responsabilidade por essa atividade nos hospitais, clínicas, e demais empresas de saúde.

O maior percentual de participação de produtos na produção de uma instituição de saúde é sem dúvida os medicamentos e os materiais médico-hospitalares e em função disso os gestores dão uma importância maior a esses produtos. Porém não podemos esquecer os demais materiais, produtivos ou não produtos, que serão utilizados na empresa, pois contribuirão para o resultado final das áreas assistenciais e administrativo-financeira.

Além da seleção propriamente dita dos produtos a serem utilizados, onde diversos critérios deverão ser considerados como classificação, criticidade, aquisição, dentre outros, é importante levar em conta os aspectos contábeis e financeiros desta seleção.  Um dos principais objetivos da seleção de materiais é conseguir um nível de atendimento assistencial, porém, para torná-la completa, devemos realizá-la de maneira a atender todas as áreas que terão impactos com esta seleção.

No próximo post falaremos dos critérios e impactos desta seleção e de como realiza-la na prática.

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Retornando...

Olá Pessoal!
Após o último post no ano de 2009, aceitei um novo desafio assumindo a gerência de suprimentos da Rede Primavera em Aracaju. O ano de 2010 foi bastante corrido e as mudanças profissionais e pessoais não permitiram a atualização do blog.
2011 não está sendo diferente, porém já está mais organizado, proporcionando assim o retorno às publicações do blog.
Alguns amigos e colegas (a até minha mãe!!!) vêm incentivando o retorno dos posts. Inclusive responderei alguns contatos que foram realizados por leitores com o envio de dúvidas e questões sobre os posts escritos anteriormente.
Sintam-se a vontade em participar, opiniar, perguntar, e construir um local de informação e contribuição mútua!!!

Até o próximo post!!!

sábado, 7 de novembro de 2009

Gestão de Suprimentos

A gestão de suprimentos da área de saúde é de grande importância para o sucesso do principal objetivo: a cura do doente! Esse é um ponto que sempre sinalizo neste cenário. O resultado final na área de saúde não é apenas um produto, um serviço, um atendimento, onde a necessidade ou desejo do cliente está sendo atendida. É mais do isto, é a sua Saúde!

Neste sentido a área de suprimentos tem um papel fundamental: prover os recursos certos, na hora certa e na quantidade certa, sem esquecer a sustentabilidade financeira da Instituição, ponto este bastante discutido nos dias de hoje. Há uma grande oportunidade de redução de custo e melhoria da rentabilidade com uma gestão eficaz. Então qual seria a gestão de suprimentos ideal para esse resultado? Depende.

Depende de diversos fatores que um bom gestor deverá lançar mão de técnicas e habilidades para analisá-los. Seguem alguns deles, mas não todos. A cadeia de suprimentos é extensa e possui variáveis logísticas que tornam a discussão e resolução mais complexa.

O primeiro fator que deverá ser considerado como ponto inicial da busca de uma gestão eficaz é a Instituição, seus objetivos, missão, valores e a própria cultura organizacional. A instituição é pública ou privada? A Pública dispensa comentários, pois seu objetivo é claro na busca do atendimento aos anseios da sociedade no âmbito da Saúde. A privada dependerá da sua configuração societária, principalmente no que tange ao lucro ou superávit.

Outro fator que sucede a está análise é a seleção e padronização do insumo, produto ou suprimento propriamente dito, pois este ponto é fundamental para as análises e projeções de previsão de demanda e nível de estoque, principalmente. Uma padronização no cenário da saúde pública é bem diferente do cenário privado.

Seguido de uma seleção bem elaborada, nos deparamos com a gestão de compras. Esta muito importante devido à complexidade que envolve a gestão de fornecedores até as análises de rentabilidade dos produtos e procedimentos. Aqui nos deparamos com um setor ainda em desenvolvimento profissional na área de saúde, principalmente nas Instituições de saúde. Ao contrário da qualificação dos setores de compras e comercial, dos fornecedores. Dessa maneira, devemos buscar uma melhor qualificação desses profissionais, visto que, do outro lado, sempre estaremos negociando com profissionais preparados para buscar o melhor resultado nas relações comerciais.
Outro assunto polêmico nesta área é a gestão de OPMES. As variáveis comerciais, assistenciais e pessoais nesta área obrigam uma gestão muito bem elaborada.

Não menos importante é a gestão de estoque, ponto a ser dedicado na gestão de suprimentos. Incluirei nesta gestão o recebimento do produto, armazenamento e distribuição. Considerarei a dispensação – termo utilizado para atividade farmacêutica de distribuir medicamentos – uma discussão a parte, o Serviço de Farmácia. A indefinição da responsabilidade da gestão de estoque na área de saúde demonstra ainda que esta atividade deve ser profissionalizada no setor. Observa-se uma diversidade de áreas e profissionais sendo responsáveis pelos estoques nos hospitais, clínicas e empresas de saúde. Uma eficiente gestão de estoque permite a manutenção do nível de atendimento com qualidade e, principalmente, a saúde financeira da empresa.

Integrando todos esses pontos temos a logística, o conjunto de planejamento, operação e controle de fluxo de produtos e serviços internos e externos a Instituição. Normalmente divido esta análise em três cenários, porém todos integrados: logística interna, logística externa e a dispensação, este último característico da área de saúde.
Para a logística interna devemos observar a distribuição dos produtos e serviços dentro da empresa. Devemos avaliar os tempos e movimentos dos setores internos de maneira a reduzir o desperdício de tempo e material nas atividades.
A logística externa é a integração com os fornecedores, fundamental para garantir que a gestão de estoque seja eficaz. Precisamos avaliar junto aos fornecedores a logística que estão adotando, o tipo de malha logística utilizado, os tempos de entrega de pedidos, o “follow-up” dos pedidos, e a qualidade final do produto.
A dispensação, responsabilidade exclusiva do profissional farmacêutico, deve ter especial atenção. Neste ponto devemos garantir o medicamento (e no cenário atual inclui-se o material médico hospitalar) na hora certa, na quantidade certa e para o paciente certo. Essa logística é complexa visto que o caminho da legislação aponta para a rastreabilidade total dos produtos, o que trará aumento de custo e profissionais mais qualificados, e conseqüentemente segurança e qualidade ao processo. A dispensação é uma atividade do Serviço de Farmácia, este possui diversas outras atividades assistenciais que integram e dependem da dispensação.

Assim, a gestão de suprimentos deve ser tratada de maneira estratégica pela empresa. O volume financeiro desta gestão é grande e obriga um acompanhamento diário e com indicadores precisos!

Até o próximo post!

domingo, 13 de setembro de 2009

O Complexo da Saúde

O mundo da Saúde é realmente um grande complexo. Para tentar falar sobre esse mundo é necessário dividi-lo de maneira a facilitar a consolidação das informações e a busca por elas. E principalmente considerando as particularidades de cada setor da área de saúde;

Dessa maneira é importante olhar dois cenários: A Saúde Pública e a Saúde Privada. Dentro de cada grande grupo os princípios da gestão serão os mesmos, porém aplicados em contextos diferentes.

Um, a Saúde Pública, lida diretamente com a escassez. Como então gerir a escassez de recursos, escassez de pessoas, de qualificação, de tecnologia e garantir a qualidade de assistência à saúde?

Já a Saúde Privada busca hoje o equilíbrio entre os agentes prestadores direta e indiretamente da assistência. As forças desses agentes sendo direcionada cada uma para o seu lado arrebentará justamente o lado mais fraco, ou melhor, o centro mais fraco. O doente.
Como diz o nosso grande conhecido Porter, o Sistema de Saúde não objetiva a redução de custo e sim agregar valor ao paciente. Sim! Mais Saúde com menor custo. Como diz um Diretor Hospitalar com quem aprendi bastante: "um real é muito, se perdido, já um milhão pode ser pouco, se salvar uma vida".

Neste cenário entraremos em temas diversos da Gestão Hospitalar que irão permear a área comercial, financeira, suprimentos, farmácia hospitalar, OPMES (órtese, prótese, materiais especiais e síntese), dentre outras. Também falaremos da Gestão de Unidades de Saúde Públicas, principalmente quanto a parceria Público-Privada estiver presente nessas unidades.

Até!

domingo, 6 de setembro de 2009

O Início...

Olá!!!

Este é meu primeiro post e estou bem feliz!!!

A criação deste blog foi motivada por uma vontade antiga de poder expressar, trocar, disseminar um pouquinho das minhas idéias, experiências e práticas na área da Saúde.

Sabemos que a Saúde é um mundo complexo e diversificado e permite uma rica discussão dos assuntos que a envolve. Assim, terei o prazer também de publicar algumas idéias de colegas profissionais e acima de tudo amigos, que contribuirão para aumentar a riqueza das informações do Blog.

Os comentários e opiniões, as críticas e elogios, as discordâncias e concordâncias serão bem vindos e ajudarão na consolidação das idéias.

Sendo assim, até daqui a pouco.